quarta-feira, 16 de abril de 2014

Educação Básica no Brasil


Os
Os 10 Maiores Problemas da Educação Básica no Brasil.

1-    CULTURA ESCOLAR ELITISTA
  •  Rico estuda em escola pública; pobre na particular
-Rico
Estuda na escola básica privada para preparar-se para a universidade pública e gratuita.
- Pobre
Estuda na escola básica pública e gratuita e – quando consegue - ingressa no ensino superior privado.
- ­Acordo de cavalheiros entre público e privado
O mercado do ensino privado é restrito na educação básica e amplo na superior; e vice-versa.

2-VISÃO ESTRATÉGICA
  •  Setor público: má gestão das prioridades
- Educação não fez parte da agenda estratégica dos governos
No final dos anos 80, quando ficou claro que a reforma do Estado era necessária para o desenvolvimento sustentável, a educação não foi incluída. Isso só aconteceu nos anos 90.
-Ministérios e Secretarias - moedas de troca política
Descontinuidade.
-Desenvolvimento – a educação não fazia diferença
Mão-de-obra barata e exportação de produtos primários sem valor agregado.
- Expansão sem estratégia sustentável
Depois dos anos 30 e principalmente a partir do ciclo desenvolvimentista dos 50, a expansão quantitativa se deu ao sabor de pressões populares, sem uma estratégia sustentável de revisão da organização e conteúdo da escola.
-Centralização e descentralização – ao sabor dos interesses políticos
Falta de um regime de colaboração; descentralização de encargos, mas não de recursos financeiros; poder de decisão e verbas federais foram instrumento de pressão sobre estados e municípios mais pobres; estados e municípios ricos agiram sem considerar o âmbito nacional, aumentando as desigualdades regionais.
-Clientelismo – gigantismo nas máquinas públicas
  • O dinheiro ficou na máquina, sem chegar à escola.
Setor privado e sociedade
-Setor privado e ONGs: pet projects
- Pouca atenção a diretrizes ou orientações nacionais. Cada um teve suas próprias convicções sobre como deve ser a educação e seu próprio perfil de projeto.
- Acabou assumindo a ideia da esquerda conservadora de que é “politicamente incorreto” ter lucro com a educação ou prestar serviços de interesse público com recursos do estado.
- Ainda não está clara a diferença entre responsabilidade social e caridade filantrópica.
-Sociedade civil: não cobra e não fiscaliza
-Falta de informação

3- GESTÃO PÚBLICA
  •  União, Estado e Município não se entendem
-Dificuldade de praticar o princípio federativo e a divisão de tarefas
- União: Ensino Superior, coordenação nacional e função redistributiva e supletiva na educação básica.
- Estado: Ensino Fundamental, principalmente de quinta a oitava séries e Ensino Médio. Mas não há um estado do país que não tenha universidades estaduais.
- Município: Educação Infantil e Ensino Fundamental
-Falta de coordenação nacional
- e falta de apetite político do MEC para formular e liderar políticas.
- Congresso e legislativos estaduais e municipais não cumprem seu papel
- De fiscalização da gestão dos sistemas de ensino
- Iniquidade no financiamento
Custo aluno no Ensino Superior público é mais que o dobro do custo aluno na educação.

4- DESINFORMAÇÃO DA SOCIEDADE
- A mídia confunde o episódico com o estrutural, a aparência com a essência, a causa com o efeito: uma escola assaltada vale mais do que toda a repetência daquele ano.
- O governo usa a mídia para se promover.

5- INTERESSES CORPORATIVISTAS
  • O PROBLEMA
- Disputas de métodos de alfabetização. Só os teóricos insistem no método único ideal. Na prática, o bom professor diversifica, adapta, mistura, improvisa.
- A formação do professor tem que se sujeitar ao Ensino Corporação acadêmica Superior disciplinaria e não à necessidade do currículo.

- A repetência incha o sistema, dando a ilusão de que faltam
Escolas. Mais alunos, mais prédios e mais vagas para professores.
 - Fragmentação curricular. Matemática foi dividida com geometria;
Corporação dos professores; artes com desenho geométrico: necessidade de mais professores, salários menores para o conjunto.
-   Encurtamento e fragmentação do tempo de ensino e aprendizagem: 3 a 4 horas de aulas diárias em vez de 5 ou 6; maior número de aulas, aulas mais curtas, crianças menos tempo na escola.
- A carreira de magistério é cartorial: isonomia, direitos adquiridos, aposentadoria com 25 anos. Se o aluno aprende ou não, tanto faz para os professores. Os benefícios são os mesmos.
  • A QUEM INTERESSA
- Psicopedagogos fundamentalistas, seus promotores e editores.
- Corporação acadêmica.
- Empreiteiras e corporação de Professores.
- Corporação dos professores.

6- O PERIGO DAS “CAUSAS NOBRES”
  •     A “CAUSA NOBRE”
- Ensino Fundamental de 9 anos para colocar todas as crianças de seis anos na escola.
- Tempo integral para as crianças na escola, para que ela tenha um atendimento integral.
“Educação se faz com afeto”.
  •    O PERIGO
- Dividir os recursos com mais alunos. Em vez de oito gerações, serão nove. Ingresso mais precoce é bom, mas não precisa de mais um ano. Basta estabelecer que o Ensino Fundamental vai dos 6 aos 13 anos. Oito anos com jornada diária de 5 horas de efetivo trabalho escolar é mais do que 9 anos com 3 horas.
 - Dobrar turno não é produtivo. Escola ruim em dobro é pior; é preciso primeiro melhorar a média das escolas para depois ter uma estratégia progressiva de aumentar o tempo de permanência.
- Se um secretário da Saúde dissesse isso sobre a sua área, para uma plateia medianamente educada, seria aplaudido?

7- FRACASSO ESCOLAR
  •  Critérios de avaliação inadequados
- As crianças são comparadas com padrões absolutos; não se leva em conta o progresso individual; não se pensa no ano seguinte como continuidade do anterior. A criança reprovada começa tudo de novo.
- Da quinta série em diante, um aluno que reprova em Matemática, mas passa em todas as outras matérias, começa de novo, inclusive nas matérias em que passou.
- As estatísticas mostram uma altíssima correlação entre repetir causada pela repetência.
  • A escola prepara para continuar na escola, não para a vida
-Para entrar na primeira série tem que estar com a “prontidão” concluída; para passar para a segunda tem que ter chegado num ponto arbitrário fixado pelo professor ou pela escola; o Ensino Fundamental prepara para o Ensino Médio e este só serve para preparar para o vestibular.
- A pedagogia e a didática são longínquas da realidade do aluno.
  •  Consequências catastróficas
- Prejuízo da autoestima do povo brasileiro
- Estigmatizado como incapaz de aprender a ler, escrever e fazer as quatro operações.
- Quanto custa o prejuízo de uma força de trabalho e uma
Cidadania assim constituídas?
- O país investe em média quase 10 anos para cada aluno que conclui os 8 anos do Ensino Fundamental.
- Convivem nas oito séries do Ensino Fundamental coortes (número de nascidos num determinado ano) de pelo menos 20 anos seguidos, onerando com isso o uso do espaço, do tempo, dos recursos humanos e didáticos.
-Com esse dinheiro, daria para financiar programas de qualidade na área de formação de professor e produção de recursos de ensino que resolveriam, a médio prazo, a nossa crise qualitativa.

8- QUALIDADE
  • A qualidade “caiu” de onde?
- Nenhum país construiu educação de qualidade sem garantia acesso para todos.
- Enquanto política pública, uma educação de minoria, mesmo dita de excelência, não é de qualidade.
- E a escola de elite nem era tão boa: produzia bacharéis, arautos da cultura livresca, quando o país precisava de cientistas, criadores, engenheiros, empreendedores
- Hoje a má qualidade ficou visível: impossível não reconhecer que o rei está nu.
- População homogênea não existe mais.
-É preciso aprender a trabalhar com a diversidade.
- O professor é a chave de tudo.

9- DESPREPARO DO PROFESSOR
  • Um modelo de formação distorcido
Nunca tivemos um sistema coerente de formação de professores
- O curso superior para professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental não ensina conteúdos que ele precisa ensinar porque não há onde formar esse professor polivalente num Ensino Superior dividido em departamentos por disciplinas.
O professor especialista por disciplina aprende um excesso de conteúdo (quando aprende) e nada de didática e pedagogia.
- No Ensino Superior não há uma instituição dedicada especificamente à formação de professores
 Na França: École Normale Superieure; países hispano-americanos: Instituto de Formación Docente; Alemanha: Studient Seminar; países anglos: Teachers College.
- A maior parte dos professores é formada em escolas particulares de má qualidade.
A qualidade desses cursos passou a ter algum controle há pouco tempo.

  • Mundos que não se encontram
- O professor polivalente de primeira à quarta séries e o professor especialista em uma disciplina de quinta a oitava e do Ensino Médio dividem a vida escolar dos alunos de modo artificial.
- De quinta a oitava e no Ensino Médio cada disciplina torna-se um feudo.
- Impossível trabalho interdisciplinar, priorização de conteúdos básicos.
- Isso afeta a organização escolar de modo nocivo, dificultando gestão racional do tempo e do espaço.
  • Os professores não sabem ensinar crianças diferentes do aluno ideal.
Os cursos de formação de professores adotam uma cultura pedagógica e didática baseada numa clientela escolar ideal e homogênea social e culturalmente. Mas a realidade na qual o professor vai trabalhar tem, cada vez mais, uma clientela heterogênea, diversificada social, cultural e economicamente.
  •  Carreira com vícios do setor público
- Formalismo e cartorialismo
- A estrutura da carreira é baseada no tempo de serviço e, mais recentemente, por formação. Basta ficar ali para ir ganhando promoções.
- Não há nenhum incentivo por resultados. Pelo princípio da isonomia, todos ganham a mesma coisa.
- O movimento do magistério ao longo de décadas “trocou” salário por “vantagens não-pecuniárias”: aposentadoria aos 25 anos de serviço, 12 faltas abonadas por ano, 3 meses de licença-prêmio a cada 5 anos; quinquênios, jornada de trabalho mais curta, férias mais longas
- Há mais professores do que o necessário
- Fragmentação curricular
- Alunos fantasmas
- Multiplicação de turmas e turnos, com menos alunos por classe, para gerar mais postos de trabalho para professor.
  • Valores e atitudes que nenhum empregador aceita
- O professor não sabe ensinar ao aluno real porque não aprendeu. Isso causa insegurança, que leva a culpar sempre a criança e a família pelo fracasso.
- A estigmatizarão é constante: profecia que se auto realiza (desde o início do ano, o professor já “prevê” os que vão fracassar e estes de fato fracassam!)
- Falta de incentivos leva ao desânimo e acomodação.
- Os mais jovens, mais dinâmicos, que querem melhorar, são malvistos e ficam “no gelo” na escola.
- Sindicalismo tem sido motor eleitoral: há vários senadores e deputados que saíram do movimento de professores.
- Escola pública é vista como favor, não como direito.
- Professor é visto como vítima, não como alguém que está ali para prestar o melhor serviço possível.
- Família não tem capacidade para fazer cobranças qualificadas.

10- DEFASAGEM
  • Dois grandes desafios
- Superar a herança imperial (escola para poucos; acadêmica, enciclopédica e distante da vida), para ter uma educação democrática, que outros países já tinham no início do século XX.
- Sintonizar a educação com as demandas da sociedade do conhecimento do final do século XX e início do XXI.
- Qualificação para o exercício da cidadania
- Aprender a aprender
- Acessar, processar e dar sentido à informação
- Resolver problemas
- Trabalhar em grupo
  •  Num mundo em que daqui a 20 anos…
- 70% das carreiras que serão importantes ainda estão para surgir
- O conhecimento estará dobrando a cada 73 dias (hoje isso acontece a cada 5 anos)
- O pensamento sistêmico, consagrado pela ecologia, será tão ou mais importante que o pensamento analítico, consagrado pelo paradigma científico tradicional
- O binômio nacional-internacional já terá sido substituído pelo binômio local-global
- A maior parte da mão-de-obra terá migrado das grandes corporações para as pequenas e destas para a empresa-pessoa
- A triste divisão entre as nações ricas e pobres poderá ser substituída pela trágica divisão entre as que sabem e as que não sabem.


Referências Bibliográficas:

3 comentários:

  1. Boa tarde Bruna Carla,realmente existem grande desafios a serem superados na nossa educação pública, como citado acima o despreparo de professores e não só isso já que também existe a desmotivação dos professores que estão em salas de aulas muitas vezes super lotadas.

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  2. Olá Bruna!
    Realmente estamos diante de verdade plenas, porém tristes.Chamou-me à atenção a antítese " Rico estuda em escola pública; pobre na particular".é assim mesmo que ocorre os com maior poder aquisitivo preparam-se para ingressar nas Universidades Públicas enquanto os que não podem estudar em bons cursinhos, enquanto os pobres que não puderam pagar por uma boa preparação se veem, diante da imensa concorrência, obrigados a pagar por uma formação superior.

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  3. Ola Bruna Carla,

    Seria tão gratificante extinguir este titulo na educação brasileira, tão bom seria que não existisse problemas na mesma. Mais infelizmente nos todos sabemos que existem esses e outros mais, desde os problemas de infra-estrutura, espaço, material didático, e dentre outros. Assim como a colega Rhakel já citou, também incomoda essa problemática em que diz: Rico estuda em escola pública; pobre na particular. Essa desigualdade, esse “cultura” que ainda predomina muito, é de um lado injusta, de outro, nem tanto. Bom seria se a parti de agora as coisas mudassem e os nossos representantes olhassem com bons olhos pela educação no Brasil.

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