Os
Os 10
Maiores Problemas da Educação Básica no Brasil.
1- CULTURA ESCOLAR ELITISTA
- Rico estuda em escola pública; pobre na particular
-Rico
Estuda na escola básica
privada para preparar-se para a universidade pública e gratuita.
- Pobre
Estuda na escola básica
pública e gratuita e – quando consegue - ingressa no ensino superior privado.
- Acordo
de cavalheiros entre público e privado
O mercado do ensino
privado é restrito na educação básica e amplo na superior; e vice-versa.
2-VISÃO ESTRATÉGICA
- Setor público: má gestão das prioridades
- Educação
não fez parte da agenda estratégica dos governos
No final dos anos 80,
quando ficou claro que a reforma do Estado era necessária para o
desenvolvimento sustentável, a educação não foi incluída. Isso só aconteceu nos
anos 90.
-Ministérios
e Secretarias - moedas de troca política
Descontinuidade.
-Desenvolvimento
– a educação não fazia diferença
Mão-de-obra barata e
exportação de produtos primários sem valor agregado.
- Expansão
sem estratégia sustentável
Depois dos anos 30 e
principalmente a partir do ciclo desenvolvimentista dos 50, a expansão
quantitativa se deu ao sabor de pressões populares, sem uma estratégia
sustentável de revisão da organização e conteúdo da escola.
-Centralização
e descentralização – ao sabor dos interesses políticos
Falta de um regime de colaboração;
descentralização de encargos, mas não de recursos financeiros; poder de decisão
e verbas federais foram instrumento de pressão sobre estados e municípios mais
pobres; estados e municípios ricos agiram sem considerar o âmbito nacional,
aumentando as desigualdades regionais.
-Clientelismo
– gigantismo nas máquinas públicas
- O dinheiro ficou na máquina, sem chegar à escola.
Setor
privado e sociedade
-Setor privado e ONGs: pet projects
- Pouca atenção a
diretrizes ou orientações nacionais. Cada um teve suas próprias convicções
sobre como deve ser a educação e seu próprio perfil de projeto.
- Acabou assumindo a ideia
da esquerda conservadora de que é “politicamente incorreto” ter lucro com a educação
ou prestar serviços de interesse público com recursos do estado.
- Ainda não está clara a diferença
entre responsabilidade social e caridade filantrópica.
-Sociedade
civil: não cobra e não fiscaliza
-Falta de informação
3- GESTÃO PÚBLICA
- União, Estado e Município não se entendem
-Dificuldade
de praticar o princípio federativo e a divisão de tarefas
- União: Ensino Superior, coordenação
nacional e função redistributiva e supletiva na educação básica.
- Estado:
Ensino Fundamental, principalmente de quinta a oitava séries e
Ensino Médio. Mas não há um estado do país que não tenha universidades
estaduais.
- Município: Educação
Infantil e Ensino Fundamental
-Falta
de coordenação nacional
- e falta de apetite
político do MEC para formular e liderar políticas.
- Congresso
e legislativos estaduais e municipais não cumprem seu papel
- De fiscalização da
gestão dos sistemas de ensino
- Iniquidade
no financiamento
Custo aluno no Ensino
Superior público é mais que o dobro do custo aluno na educação.
4- DESINFORMAÇÃO
DA SOCIEDADE
- A mídia confunde o
episódico com o estrutural, a aparência com a essência, a causa com o efeito:
uma escola assaltada vale mais do que toda a repetência daquele ano.
- O governo usa a mídia
para se promover.
5-
INTERESSES CORPORATIVISTAS
- O PROBLEMA
- Disputas
de métodos de alfabetização. Só os
teóricos insistem no método único ideal. Na prática, o bom professor
diversifica, adapta, mistura, improvisa.
- A
formação do professor tem que se sujeitar ao Ensino Corporação acadêmica Superior disciplinaria e não à
necessidade do currículo.
- A repetência incha o sistema, dando a ilusão de que faltam
Escolas. Mais alunos, mais
prédios e mais vagas para professores.
- Fragmentação
curricular. Matemática
foi dividida com geometria;
Corporação dos professores; artes com desenho geométrico:
necessidade de mais professores, salários menores para o conjunto.
- Encurtamento
e fragmentação do tempo de ensino e aprendizagem: 3 a 4 horas de aulas diárias em vez de 5 ou 6; maior
número de aulas, aulas mais curtas, crianças menos tempo na escola.
- A
carreira de magistério é cartorial:
isonomia, direitos adquiridos, aposentadoria com 25 anos. Se o
aluno aprende ou não, tanto faz para os professores. Os benefícios são os
mesmos.
- A QUEM INTERESSA
- Psicopedagogos fundamentalistas, seus promotores e editores.
- Corporação acadêmica.
- Empreiteiras e corporação de Professores.
- Corporação dos professores.
6- O PERIGO
DAS “CAUSAS NOBRES”
- A “CAUSA NOBRE”
- Ensino
Fundamental de 9 anos para
colocar todas as crianças de seis anos na escola.
- Tempo
integral para as crianças na escola, para que ela tenha um atendimento integral.
- “Educação
se faz com afeto”.
- O PERIGO
- Dividir
os recursos com mais alunos. Em vez de oito gerações, serão
nove. Ingresso mais precoce é bom, mas não precisa de mais um ano. Basta
estabelecer que o Ensino Fundamental vai dos 6 aos 13 anos. Oito anos com
jornada diária de 5 horas de efetivo trabalho escolar é mais do que 9 anos com
3 horas.
- Dobrar
turno não é produtivo. Escola ruim em dobro é
pior; é preciso primeiro melhorar a média das escolas para depois ter uma
estratégia progressiva de aumentar o tempo de permanência.
- Se um
secretário da Saúde dissesse
isso sobre a sua área, para uma plateia medianamente educada, seria aplaudido?
7- FRACASSO
ESCOLAR
- Critérios de avaliação inadequados
- As crianças são
comparadas com padrões absolutos; não se leva em conta o progresso individual;
não se pensa no ano seguinte como continuidade do anterior. A criança reprovada
começa tudo de novo.
- Da quinta série em
diante, um aluno que reprova em Matemática,
mas passa em todas as outras matérias, começa de novo, inclusive nas matérias em que passou.
- As estatísticas mostram
uma altíssima correlação entre repetir causada pela repetência.
- A escola prepara para continuar na escola, não para a vida
-Para entrar na primeira
série tem que estar com a “prontidão” concluída; para passar para a segunda tem
que ter chegado num ponto arbitrário fixado pelo professor ou pela escola; o Ensino
Fundamental prepara para o Ensino Médio e este só serve para preparar para o
vestibular.
- A pedagogia e a didática
são longínquas da realidade do aluno.
- Consequências catastróficas
- Prejuízo
da autoestima do povo brasileiro
- Estigmatizado como
incapaz de aprender a ler, escrever e fazer as quatro operações.
- Quanto
custa o prejuízo de uma força de trabalho e uma
Cidadania
assim constituídas?
- O país investe em média quase 10 anos para cada aluno que conclui
os 8 anos do Ensino Fundamental.
- Convivem nas oito séries
do Ensino Fundamental coortes (número de nascidos num determinado ano) de pelo
menos 20 anos seguidos, onerando com isso o uso do espaço, do tempo, dos
recursos humanos e didáticos.
-Com esse dinheiro, daria
para financiar programas de qualidade na área de formação de professor e
produção de recursos de ensino que resolveriam, a médio prazo, a nossa crise
qualitativa.
8- QUALIDADE
- A qualidade “caiu” de onde?
- Nenhum país construiu educação de qualidade sem garantia acesso
para todos.
- Enquanto política pública, uma educação de minoria, mesmo dita
de excelência, não é de qualidade.
- E a escola de elite nem era tão boa: produzia bacharéis, arautos
da cultura livresca, quando o país precisava de cientistas, criadores,
engenheiros, empreendedores
- Hoje a má qualidade ficou visível: impossível não reconhecer que
o rei está nu.
- População homogênea não existe mais.
-É preciso aprender a trabalhar com a diversidade.
- O professor é a chave de tudo.
9- DESPREPARO
DO PROFESSOR
- Um modelo de formação distorcido
- Nunca
tivemos um sistema coerente de formação de professores
- O curso superior para professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental
não ensina conteúdos que ele precisa ensinar porque não há onde formar esse
professor polivalente num Ensino Superior dividido em departamentos por
disciplinas.
O professor especialista por disciplina aprende um excesso de conteúdo
(quando aprende) e nada de didática e pedagogia.
- No
Ensino Superior não há uma instituição dedicada especificamente à formação de
professores
Na
França: École Normale Superieure; países hispano-americanos: Instituto de
Formación Docente; Alemanha: Studient Seminar; países anglos: Teachers College.
- A
maior parte dos professores é formada em escolas particulares de má qualidade.
A qualidade desses cursos passou a ter algum controle há pouco
tempo.
- Mundos que não se encontram
- O professor polivalente de primeira à quarta séries e o professor especialista
em uma disciplina de quinta a oitava e do Ensino Médio dividem a vida escolar
dos alunos de modo artificial.
- De quinta a oitava e no
Ensino Médio cada disciplina torna-se um feudo.
- Impossível trabalho
interdisciplinar, priorização de conteúdos básicos.
- Isso afeta a organização
escolar de modo nocivo, dificultando gestão racional do tempo e do espaço.
- Os professores não sabem ensinar crianças diferentes do aluno ideal.
Os
cursos de formação de professores adotam uma cultura pedagógica e didática
baseada numa clientela escolar ideal e homogênea social e culturalmente. Mas a
realidade na qual o professor vai trabalhar tem, cada vez mais, uma clientela heterogênea,
diversificada social, cultural e economicamente.
- Carreira com vícios do setor público
- Formalismo e
cartorialismo
- A estrutura da carreira
é baseada no tempo de serviço e, mais recentemente, por formação. Basta ficar
ali para ir ganhando promoções.
- Não há nenhum incentivo
por resultados. Pelo princípio da isonomia, todos ganham a mesma coisa.
- O movimento do
magistério ao longo de décadas “trocou” salário por “vantagens não-pecuniárias”:
aposentadoria aos 25 anos de serviço, 12 faltas abonadas por ano, 3 meses de licença-prêmio
a cada 5 anos; quinquênios, jornada de trabalho mais curta, férias mais longas
- Há mais professores do
que o necessário
- Fragmentação curricular
- Alunos fantasmas
- Multiplicação de turmas
e turnos, com menos alunos por classe, para gerar mais postos de trabalho para
professor.
- Valores e atitudes que nenhum empregador aceita
- O professor não sabe ensinar ao aluno real porque não aprendeu.
Isso causa insegurança, que leva a culpar sempre a criança e a família pelo
fracasso.
- A estigmatizarão é
constante: profecia que se auto realiza (desde o início do ano, o professor já
“prevê” os que vão fracassar e estes de fato fracassam!)
- Falta de incentivos leva
ao desânimo e acomodação.
- Os mais jovens, mais
dinâmicos, que querem melhorar, são malvistos e ficam “no gelo” na escola.
- Sindicalismo tem sido
motor eleitoral: há vários senadores e deputados que saíram do movimento de
professores.
- Escola pública é vista
como favor, não como direito.
- Professor é visto como
vítima, não como alguém que está ali para prestar o melhor serviço possível.
- Família não tem
capacidade para fazer cobranças qualificadas.
10- DEFASAGEM
- Dois grandes desafios
- Superar
a herança imperial (escola para poucos; acadêmica, enciclopédica e distante da
vida), para ter uma educação democrática, que outros países já tinham no
início do século XX.
- Sintonizar
a educação com as demandas da sociedade do conhecimento do final do século XX e
início do XXI.
- Qualificação para o exercício da cidadania
- Aprender a aprender
- Acessar, processar e dar
sentido à informação
- Resolver problemas
- Trabalhar em grupo
- Num mundo em que daqui a 20 anos…
- 70% das carreiras que
serão importantes ainda estão para surgir
- O conhecimento estará
dobrando a cada 73 dias (hoje isso acontece a cada 5 anos)
- O pensamento sistêmico,
consagrado pela ecologia, será tão ou mais importante que o pensamento
analítico, consagrado pelo paradigma científico tradicional
- O binômio
nacional-internacional já terá sido substituído pelo binômio local-global
- A maior parte da mão-de-obra
terá migrado das grandes corporações para as pequenas e destas para a
empresa-pessoa
- A triste divisão entre
as nações ricas e pobres poderá ser substituída pela trágica divisão entre as
que sabem e as que não sabem.
Referências Bibliográficas:
Disponível em:
http://revistaescola.abril.com.br/img/politicas-publicas/fala_exclusivo.pdf
< Acesso em 16/04/2014.
Boa tarde Bruna Carla,realmente existem grande desafios a serem superados na nossa educação pública, como citado acima o despreparo de professores e não só isso já que também existe a desmotivação dos professores que estão em salas de aulas muitas vezes super lotadas.
ResponderExcluirOlá Bruna!
ResponderExcluirRealmente estamos diante de verdade plenas, porém tristes.Chamou-me à atenção a antítese " Rico estuda em escola pública; pobre na particular".é assim mesmo que ocorre os com maior poder aquisitivo preparam-se para ingressar nas Universidades Públicas enquanto os que não podem estudar em bons cursinhos, enquanto os pobres que não puderam pagar por uma boa preparação se veem, diante da imensa concorrência, obrigados a pagar por uma formação superior.
Ola Bruna Carla,
ResponderExcluirSeria tão gratificante extinguir este titulo na educação brasileira, tão bom seria que não existisse problemas na mesma. Mais infelizmente nos todos sabemos que existem esses e outros mais, desde os problemas de infra-estrutura, espaço, material didático, e dentre outros. Assim como a colega Rhakel já citou, também incomoda essa problemática em que diz: Rico estuda em escola pública; pobre na particular. Essa desigualdade, esse “cultura” que ainda predomina muito, é de um lado injusta, de outro, nem tanto. Bom seria se a parti de agora as coisas mudassem e os nossos representantes olhassem com bons olhos pela educação no Brasil.